Carta ao cliente

02.07.2018 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 02 de julho de 2018.

Prezado Cliente,

O elevado grau de incerteza que domina o ambiente econômico tem influenciado de maneira decisiva o processo de recuperação da atividade econômica, reduzindo a dinâmica do crescimento. Neste ano, o PIB brasileiro dificilmente expandirá 2%, devendo ficar abaixo disto.

Além da parada na evolução das reformas econômicas indutoras e pró-cíclicas do crescimento e da enorme interrogação sobre o que ocorrerá nas eleições de outubro, o judiciário brasileiro, sobretudo com as últimas decisões proferidas pela suprema corte, agudizaram ainda mais a incerteza, com impacto direto e inequívoco no mercado de capitais (impedindo a venda das distribuidoras do sistema Eletrobrás), no investimento (as novas exigências do TCU praticamente inviabilizaram os leilões de concessão onerosa do pré-sal para este ano, estimado em R$100 bilhões) e ainda, na própria disputa eleitoral, devido à nova interpretação quanto ao início do cumprimento da pena para os condenados em segunda instância.

Como se não bastassem os problemas internos, com forte impacto nas decisões econômicas, o cenário internacional tem se mostrado mais hostil com grande velocidade.

Era esperada uma progressiva volta à normalidade da política monetária nos EUA, o que de fato vem ocorrendo. Acontece que a guerra comercial iniciada pelas atitudes do presidente americano, recrudesceu e trouxe para o cenário uma situação que coloca em risco todo o arcabouço do comércio internacional, construído ao longo de muitos anos.

A perspectiva de redução do fluxo de mercadorias ao redor do mundo, que hoje opera todo integrado em complexas cadeias de produção, tende a murchar a dinâmica da atividade econômica global e pode elevar o custo do capital, em função do inevitável crescimento do risco. Ao decidir investir em um setor ou país, pode haver inesperada decisão intempestiva e todo o plano de negócios que embasou aquela decisão pode estar severamente comprometido.

Voltando à economia brasileira, continuaremos com inflação baixa, taxa de juros também, câmbio mais apreciado e finanças públicas com difícil solução estruturante de longo prazo (o que seria fundamental para a recuperação da confiança e ampliação dos investimentos, como mola propulsora do crescimento com desenvolvimento econômico), mas manejável no curto prazo, de acordo com o orçamento.

Nestas condições, como dito, a recuperação continua, porém de forma lenta e o nível de emprego deve recuperar-se muito vagarosamente, deixando para as famílias uma certa sensação de desânimo e até de desalento. Que outubro chegue o mais rápido possível para que a sociedade possa ter a chance de voltar a avançar com as reformas estruturantes e propulsoras de crescimento econômico sustentável, para reiniciar um ciclo de redução da enorme dívida social brasileira. 

Atenciosamente,

Nelson Rocha Augusto

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