Carta ao cliente

03.02.2020 - Carta ao cliente

Por meio da Carta ao Cliente, o Banco BRP relata, mensalmente,os fatos mais relevantes ocorridos no Brasil e no mundo no âmbito econômico e político

Ribeirão Preto, 03 de Fevereiro de 2020

Prezado cliente,

O último ano desta década começou para lá de agitado. Como “Terra em Transe” (filme de Glauber Rocha, de 1967).

Ataque americano no Iraque, matando líder militar Iraniano, com reflexos ainda incertos no bélico, instável e, sempre tenso, Oriente Médio.

Início efetivo do Brexit que, ninguém sabe ao certo quais serão seus impactos e se outros países também vão optar pelo mesmo caminho ao longo do tempo.

Andamento no Congresso americano, com baixa chance de êxito, do processo de impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump.

Surto de Coronavírus, com capacidade de propagação extremamente rápida.

Detecção de gripe aviária, também na China, entre tantos outros eventos no mínimo inquietantes.

Aqui no Brasil, o Congresso Nacional e o Judiciário retornaram do recesso nesta semana e, muito provavelmente, após a pausa, tendem a retomar seus protagonismos, naturais em regime democrático. Só que, quando ativos em excesso, sem haver claramente um delineamento que os mantenha, cada um dos poderes, circunscritos às suas funções “clássicas” (definidas pela Constituição Federal), trazem o risco de ampliação de incertezas, principalmente devido ao “temperamento” do Executivo Federal.

Ainda assim, a conjuntura econômica brasileira segue seu curso de recuperação pró-cíclica. A geração de emprego, conjugada com o trabalho por conta própria, trouxeram a taxa de desemprego para 11%, segundo o IBGE e a massa salarial cresceu 2,54% em termos reais no ano passado. O crédito também continua com crescimento bastante acelerado, tanto via mercado de capitais quanto no sistema bancário e/ou fintechs.

O fenômeno da forte aceleração nos preços da cadeia proteica, como reflexo da grande demanda chinesa por carnes (devido à peste suína africana), vai se dissipando rapidamente. Praticamente todas as commodities que influenciam a inflação caíram de preços relevantemente em janeiro. É muito provável que a inflação deste ano, medida pelo IPCA, fique bem próxima de 3,5%, abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, 4%.

Assim, a taxa de juros no Brasil tem grande chance de permanecer muito baixa ao longo de todo este ano. O que é melhor, as taxas longas, de cinco e dez anos, caíram bastante e estão em níveis que viabilizam os financiamentos de longo prazo, o que, sem dúvida, elevará os investimentos e o consumo das famílias. Estes são os fatores geradores de dinâmica, impulsionadores de aceleração do PIB, para 2020, espera-se crescimento próximo de 2,5%.

As reformas administrativa e tributária, uma vez aprovadas, tornarão a economia brasileira mais competitiva - como fatores estruturantes, são fundamentais para a melhoria da eficiência e redução dos custos.

Desta forma, o crescimento será acelerado e longevo, o que beneficiará a todos. Sem as reformas, o crescimento de longo prazo, com desenvolvimento econômico, continuará sendo penoso ou não ocorrerá, como nas últimas décadas, em que a renda per capita brasileira andou muito abaixo do seu potencial e do resto do mundo.

Atenciosamente,

Nelson Rocha Augusto

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