Por meio da Carta ao Cliente, o Banco BRP relata, mensalmente,os fatos mais relevantes ocorridos no Brasil e no mundo no âmbito econômico e político
Ribeirão Preto, 01 de Abril de 2020
Prezado cliente,
A raça humana foi atingida de maneira devastadora pelo novo coronavírus. A ausência de um tratamento cientificamente comprovado, a distância da descoberta segura de vacina e a enorme velocidade de contaminação do vírus, tornou a Covid-19 um fenômeno imensurável.
Todos os continentes estão contaminados, os países que adiaram a decisão de determinar o isolamento social tiveram, rapidamente, antes que fosse possível agir, seus sistemas de saúde colapsados. Estão pagando preços inimagináveis por terem titubeado com o falso dilema: saúde ou economia.
A literatura sobre a história econômica mundial é farta e inequívoca, em situações de pandemia, o custo econômico é muito mais alto, quando a saúde não é a primeira prioridade.
Primeiro porque fica mais caro tratar, mais gente fica doente, o sistema de saúde perde eficiência, qualidade e capacidade de atendimento. Segundo, porque morre mais gente. Terceiro, demora mais para recuperar a economia. O abalo psicológico e moral da sociedade desestimula severamente a decisão de consumo e investimento. Quarto, há maior perda de renda, capacidade produtiva e o PIB potencial diminui.
Ao minimizar, tudo que for possível, os danos à vida, há resposta econômica após o controle da pandemia.
É também fundamental, sem hesitar, como tem sido feito por todas as autoridades econômicas no planeta, prover tudo que estiver ao alcance para que as pessoas tenham renda, mínima que seja, para sobreviver até que voltem a poder trabalhar.
Todo apoio tem que ser dado também às empresas, para que, quando a doença passar, as condições de produção sejam imediatamente restabelecidas.
Claro que tudo isto tem um custo; no Brasil está estimado, por enquanto, em 5% do PIB. A União poderá, devido ao Estado de Emergência, ter um déficit primário próximo de R$ 380 bilhões neste ano. Vale destacar, com clareza, que toda a flexibilização do gasto público tem que ficar circunscrita exclusivamente para a preservação da vida e das empresas, apenas enquanto durar a pandemia, nem um dia a mais!
Se isto for confirmado, a dívida bruta interna poderá crescer para algo como 85% do PIB (hoje é 77%), número altíssimo.
Mas, preservado todo o arcabouço da responsabilidade fiscal, teto do gasto, reforma administrativa com achatamento dos salários no setor público (que ainda sequer foi para o Congresso Nacional), regra de ouro (não emitir dívida para custeio), avançar nas privatizações, concessões e promover a reforma tributária, já no último trimestre deste ano, mas com maior intensidade em 2021, o Brasil voltará a crescer de maneira consistente, com uma economia mais equilibrada e fortalecida.
Assim, é possível pagar esta conta em dois ou três anos, não deixando um legado macabro para as futuras gerações.
Desejamos a todos saúde.
Atenciosamente,