Ribeirão Preto, 01 de julho de 2020.
Prezado cliente,
O primeiro semestre terminou com a economia brasileira apresentando um quadro extremamente preocupante.
Embora, do ponto de vista da atividade, tenha ficado evidente que o fundo do vale aconteceu entre abril e maio, a dinâmica de todo o conjunto econômico brasileiro não corrobora com um cenário suficientemente favorável nos próximos meses.
Para que a economia cresça, promova o desenvolvimento e, consequentemente, melhore a qualidade de vida das pessoas, é necessário um conjunto de fatores bastante complexo. Isto impõe estabilidade de regras de maneira longeva, ampliação do conhecimento (através da educação), incorporação tecnológica, promoção da concorrência, ampliação da competição – que induz ao aumento da produtividade –, estabilidade institucional, entre diversos outros fatores, que em última análise, dependem relevantemente do grau de confiança dos agentes econômicos no funcionamento do sistema econômico no longo prazo.
Como é sabido, o Brasil não apresenta tais condições há bastante tempo. Por esta razão, muito provavelmente fecharemos esta segunda década do século XXI com redução de PIB per capita. Para um país considerado de renda média, todo desigual, que possui uma enormidade de carências, isto simplesmente não é aceitável.
A variável mais icônica do quadro atual é que o investimento total da economia brasileira (quase todo privado, pois o setor público não poupa, logo não tem capacidade de investimento) na média da década ficará próximo de 15% do PIB, o que sequer é suficiente para repor a depreciação do estoque físico de capital, quanto mais ampliar a capacidade produtiva de maneira competitiva.
É notória e bastante conhecida a baixa formação do capital humano brasileiro, fruto do ineficiente sistema educacional, saneamento básico, transporte público, segurança pública, oferta desigual de oportunidades, etc.
A pandemia da COVID-19 expôs de maneira acachapante todas estas conhecidas mazelas brasileiras.
Infelizmente, na conjuntura contemporânea, as perspectivas para avanços, mesmo que a longo prazo, de todas estas questões, tornaram-se ainda mais opacas.
Na dificílima situação atual, o governo Federal não tem Ministro da Educação, nem da Saúde. O do Meio Ambiente permitiu erosão total na credibilidade internacional, na capacidade da preservação, provocando enormes danos na atração de investimentos estrangeiros para o Brasil, além de criar dificuldades ao setor mais competente no âmbito internacional, o agronegócio brasileiro.
Com toda a expansão fiscal e gigantesca injeção de liquidez nos mais diversos países do mundo, o cenário internacional tem apresentado boa recuperação econômica, sobretudo onde o controle da pandemia foi mais eficiente. Isto pode ajudar muito o Brasil a atravessar este período de enorme sofrimento.
Atenciosamente,