Ribeirão Preto, 01 de Outubro de 2020
Prezado cliente,
A recuperação da atividade econômica continuou forte no Brasil em setembro. Alguns segmentos como a construção civil, partes do comércio, exportações, entre outras, tem apresentado uma performance muito positiva.
A retomada foi tão acentuada que provocou, temporariamente, dificuldades nos ajustes de fluxos e estoques nestes setores com impactos nos preços impensáveis em ambiente de pandemia com forte recessão. Os índices de preço no atacado subiram absurdamente.
Os efeitos da sazonalidade somados à política monetária fortemente estimulativa - taxas de juros baixas com ampliação da liquidez e do crédito - e, com o orçamento de guerra, gigante expansão fiscal (o déficit público neste ano deverá superar os R$ 850 bilhões) pode ser dado como certo que o último trimestre será de continuidade no crescimento da atividade econômica.
As expectativas melhoraram de forma generalizada, mas o PIB deste ano ainda será negativo em 4,5%.
Infelizmente, a questão toda é que este comportamento da economia brasileira tende a ser efêmero. A recuperação deverá perder sustentação ao longo do próximo ano.
Isto porque teremos de volta a finitude orçamentária, com um endividamento altíssimo (95% do PIB), elevado desemprego, baixo nível de investimentos, economia fechada, e com uma Política Econômica disfuncional, sem ter feito as reformas que permitiriam uma melhoria na produtividade, eficiência e competitividade.
No ambiente atual, de proximidade das eleições municipais, com o Governo Federal todo desarticulado, a cada hora criando uma nova crise, é muito pouco provável que as reformas administrativa e tributária sejam votadas e aprovadas neste ano. A reforma tributária completa, sequer foi encaminhada para o Congresso Nacional pelo executivo federal.
A precificação dos ativos financeiros brasileiros expressa, em números, com clareza solar esta realidade. O real já desvalorizou 40% neste ano frente ao dólar, o valor das empresas medido pelo IBOVESPA caiu 18% e a taxa de juros de cinco anos no Brasil está acima do que era no início deste ano 7,55%, oscilando acima de 7% ao ano.
Sem algum norte coerente dado para a economia, o crescimento econômico de longo prazo simplesmente não ocorre.
Atenciosamente,
Nelson Rocha Augusto