Carta ao cliente

04.01.2021 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 04 de Janeiro de 2021

Prezado cliente,

Novo ano, nova década e os problemas da economia brasileira continuam sem um encaminhamento satisfatório que possa recolocar o país na rota do desenvolvimento econômico sustentável.

Para isto, são condições necessárias, enormes avanços, na eficiência, competitividade e produtividade em todos os agentes econômicos. O desenvolvimento é coletivo, conjunto, sinérgico.

É amplamente conhecido que, sem uma profunda reforma administrativa no setor público e redesenho de todo o sistema tributário brasileiro (com viés distributivo, simplificador), não será possível, sequer iniciar, o longo caminho de melhoria nestes aspectos.

Há que se buscar incessantemente avançar na direção da redução da concentração da renda e das oportunidades.

A decisão do investimento, fundamental para o crescimento com desenvolvimento, é fruto do grau de confiança no futuro da economia e na ampliação do mercado consumidor. Este último só cresce de maneira sustentada quando, a melhoria se dá de maneira espraiada, perpassando toda a sociedade, com distribuição das oportunidades (educação, saúde, segurança, moradia, mobilidade, etc), geração de empregos mais qualificados (com salários mais altos) e melhoria da renda.

A igualdade na competição é um “estado de espírito” que só pode ser obtida com todas as instituições focadas neste objetivo. Isto promove o desenvolvimento econômico.

O Brasil, ao longo de muitos anos, se distanciou disto. Por esta razão, a década que acabou, segundo estudo do IBRE, foi a pior em termos do desenvolvimento econômico dos últimos 120 anos.

Nada indica que o ano que ora inicia será de inflexão nesta triste realidade. A condução desenvolvida pelo governo federal não tem projeto, planejamento ou proposta. Vendeu-se como liberal e hoje demonstra não ser.

Com isto, muito provavelmente, o governo vai “envelhecendo” no meio do seu mandato e teremos certamente muito embate político, principalmente no legislativo federal, que dificilmente conseguirá produzir algum avanço nas reformas econômicas. 

Assim, o PIB crescerá sobre uma base mais baixa, exibindo mais uma vez um comportamento efêmero, sem sustentação.  A inflação tende a ficar mais pressionada pelos custos que tiveram grandes elevações em 2020 e ainda não foram repassados aos preços dos bens e serviços. Com isto, sem uma resolução (mesmo que para o longo prazo) para a enorme crise fiscal que assola o país, o Banco Central precisará subir a taxa de juros ao longo do ano.

Atenciosamente,

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