Carta ao cliente

01.10.2018 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 01 de outubro de 2018.

Prezado Cliente

A ata da reunião de setembro do COPOM alerta sobre os desafios presentes na conjuntura econômica. O ambiente internacional tornou-se mais difícil para as economias emergentes e as frustações quanto à retomada da atividade interna, aliadas à falta de previsibilidade eleitoral, dificultam nosso horizonte de previsão.

A despeito da robusta expansão da atividade nos EUA e da consequente melhora nos indicadores do mercado de trabalho, que permitem manter as condições para o ciclo de normalização da política monetária americana, o ritmo do crescimento econômico mundial pode estar ameaçado. A recente escalada da guerra tarifária imposta pelos EUA à China, que cria obstáculos à expansão do comércio mundial, o acelerado aumento do preço do petróleo, que superou os US$ 80, e a forte desvalorização das moedas emergentes criam um cenário internacional conturbado, principalmente para os países em desenvolvimento. O contágio na economia brasileira, ainda em fraca recuperação, torna-se preocupante.

Embora esses novos fatores de risco tornem nosso horizonte mais nebuloso, a economia brasileira apresenta fundamentos sólidos para absorver este revés internacional, devido ao fluxo altamente positivo de sua balança de pagamentos, proporcionado pelo superávit comercial - impulsionado pelas commodities agrícolas e minerais e pelos investimentos estrangeiros diretos - e ao nosso alto nível de reservas internacionais, capaz de suprir liquidez de dólares em momentos de stress.

A três meses de deixar o Palácio da Alvorada, Temer está chegando ao final de seu governo com alguns avanços relevantes para a economia brasileira como a aprovação do teto de gastos públicos, a reforma trabalhista e a estabilização da deterioração das contas públicas. A política monetária também foi realinhada pelo movimento liderado por Ilan Goldfajn, que controlou a inflação, convergindo-a para a meta e instituiu a “Agenda BC+”, que tem o objetivo de reduzir os custos de transação no mercado de créditos.

Apesar desses avanços, a economia brasileira ainda não deu sinais claros de retomada mais robusta. O nível de ociosidade da utilização da capacidade produtiva não se recuperou, a taxa de desemprego está em patamar elevado, prejudicando a confiança e o consumo das famílias, o nível de investimentos está longe do patamar pré-crise e, apesar da redução do ritmo do déficit das contas públicas, este buraco de caixa prejudica muito a capacidade de execução do Estado.

Este enorme desafio será passado para o novo governo que, inevitavelmente, deverá voltar a pautar as reformas estruturais do país, especialmente a previdenciária e tributária. E, independentemente da vontade do novo Executivo, este terá outro árduo trabalho de interlocução com o Congresso para avançar nestas reformas.

Atenciosamente,

Walter Mitssuo Haga

Guilherme B. Elias

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