Ribeirão Preto, 01 de agosto de 2018.
Prezado Cliente,
A conjuntura da economia brasileira continua em seu processo de lenta, mas inequívoca, recuperação.
A inflação, após a corcova provocada pela greve dos caminhoneiros, voltou a cair e continua ancorada para o futuro, dentro, ou até abaixo, das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, decrescente para os próximos anos, 4,5% em 2018, 4,25% em 2019, 4,00% em 2020 e 3,75% para 2021. Isto é muito importante para as definições das taxas de juros atuais e futuras.
Todos os indicadores de atividades também exibiram crescimento. Os investimentos evoluem mais vagarosamente, mas crescem, apesar de virem de uma base muito baixa. O mercado de trabalho gera novos postos, mas de maneira insuficiente para o tamanho da população desempregada.
A arrecadação nas três esferas de governo, União, Estados e Municípios tem crescido em termos reais e nominais até acima do projetado, o que, com o severo controle das despesas (fruto da mudança constitucional do teto nos gastos) indica que o orçamento deste ano será cumprido.
Ocorre que o aparente equilíbrio macroeconômico por que passa o Brasil hoje oculta o gigantesco problema de finanças públicas que a sociedade brasileira terá que enfrentar. O déficit público nominal consolidado, que inclui absolutamente todas as despesas governamentais não cobertas por receitas, deverá atingir neste ano mais de meio trilhão de reais! Este número, se nada for feito, tem ainda um crescimento exponencial que aniquila qualquer possibilidade de manutenção de equilíbrio sustentável ou possibilidade de crescimento econômico.
A previdência, particularmente na esfera pública, recheada de altíssimos salários com aposentadorias desproporcionalmente polpudas a favor de determinadas classes do funcionalismo público, é responsável por parte relevante deste déficit.
As discussões em torno dos programas de governo dos candidatos nas eleições de outubro precisam contemplar a solução deste déficit para o dia seguinte da eleição.
Isto vale para o Executivo Federal, Estaduais (cujas contas não estão fechando nem neste ano) e para o Congresso Nacional, que é onde as reformas serão votadas.
A curva de crescimento da economia brasileira e a qualidade de vida da população no próximo ano serão uma função de como a sociedade brasileira começará a enfrentar estas questões já, agora, nestas eleições.
Inclui-se aí o desafio para o futuro próximo, um pouquinho menos urgente, mas que também precisa ser encaminhado pelas eleições, da discussão sobre o novo pacto federativo, com redesenho do papel e tamanho do Estado no Brasil. Trabalho hercúleo para todos os brasileiros, que não pode ser terceirizado para os políticos, embora eles sejam os instrumentos. Para todos os brasileiros, mãos à obra, temos uma nação para reconstruir.
Atenciosamente,
Nelson Rocha Augusto