Ribeirão Preto, 01 de novembro de 2021
Prezado Cliente,
Outubro, ainda a um ano das próximas eleições, foi marcado por mais um avanço na incessante corrosão das instituições brasileiras.
Todo arcabouço, historicamente edificado para garantir a solvência com sustentabilidade fiscal do Estado brasileiro foi testado. Há uma deliberação por parte do executivo federal, para romper o teto do gasto, não pagar as dívidas determinadas pela justiça (precatórios), abrindo um “espaço” no orçamento do próximo ano de quase uma centena de bilhões de reais.
Propostas de um governo que ganhou as eleições com agenda liberal, prometendo zerar o déficit no primeiro ano, privatizações e muito mais.
Resumidamente, os agentes econômicos não confiam mais no que o governo diz e nem que haja governabilidade razoável para o próximo ano.
Com isto, os reflexos nos preços dos ativos financeiros são inevitáveis. A moeda, os juros e o valor das empresas (bolsa de valores) brasileiras, tiveram a pior performance do mundo no mês e no ano. Ainda, as expectativas para o comportamento da economia brasileira para o próximo ano, não param de piorar. Praticamente toda semana, as previsões dos analistas apontam mais inflação, juros mais altos, menor crescimento do PIB, dívida pública maior, mercado de trabalho fraco, e, o que é mais sofrível, degradação social.
Devido ao comportamento tosco, para dizer o mínimo, da representação internacional brasileira nas reuniões de cúpula do G20 e Conferência do Clima (COP-26), exibiu-se para o mundo de forma clara a ampla decadência que ocorre no Brasil contemporâneo.
O mundo vai cobrar um posicionamento mais efetivo do Brasil e, aparentemente, não há qualquer traço de um plano estratégico crível que possa ser executado. A pífia credibilidade internacional no Brasil, muito provavelmente, vai reduzir as chances de cooperação, apoio e melhor inserção da economia brasileira na economia internacional.
O Senado brasileiro, tem recorrentemente atuado como contrapeso nas investidas do Executivo junto à Câmara dos Deputados. O Judiciário, normalmente em sua instancia máxima, o STF, também tem demonstrado que há limites.
Para que a economia se recupere de maneira sustentável criando as condições para começar a resgatar a enorme dívida social brasileira de forma rápida e intensa, espera-se que o sistema político brasileiro responda brevemente em prol das instituições, da previsibilidade, do horizonte de cálculo econômico.
Enquanto isso não ocorre, infelizmente, tudo segue em processo de deterioração.
Atenciosamente,
Observação: Central de Atendimento Banco Central do Brasil (DDG) 0800 979 2345