Ribeirão Preto, 01 de junho de 2018.
Prezado Cliente,
A greve das transportadoras e caminhoneiros é um daqueles eventos imprevisíveis que ocorrem de tempos em tempos sem que a sociedade possa se defender adequadamente deles. As consequências são enormes e serão “digeridas” por muito tempo.
Fruto das crises por que passa o país, a corrida eleitoral deste ano começa com potência máxima no quesito risco para o embate forte, apontando para uma disputa desmedida e para a tática do “salve-se quem puder”. Não há partido político, conjunto de ideias ou liderança que demonstre capacidade de aglutinação, convergência, ou que demonstre condições para conduzir o necessário reordenamento que leve a sociedade brasileira de volta ao leito do desenvolvimento.
O tempo gasto, a perplexidade de praticamente toda a sociedade, que permanece atônita por vários dias no maio de 2018 (apenas para lembrar o cinquentenário de 1968) parece indicar que a dificuldade que está por vir é bem maior que a esperada.
A economia brasileira vinha em uma toada de recuperação prá lá de satisfatória dada a profundidade da crise vivida pós 2014. Foi atingida por uma incerteza imensurável que pode trazer toda sorte de consequências.
Se tudo voltar ao normal em pouco tempo, o que parece difícil, terá havido uma ruptura na recuperação da atividade, emprego, arrecadação, investimento.
A questão delicada é que exatamente esta ruptura tende a influenciar bastante as escolhas e, consequentemente, a condução da economia para os próximos anos. O cardápio de atalhos repletos de equívocos é extenso e tentador.
Estas opções que nascem quase sempre sob a égide de proteger os menos favorecidos trazem consequências muito custosas à própria população mais adiante.
Infelizmente, há a possibilidade de nem tudo voltar ao normal, com uma onda de radicalizações nas reivindicações de reduzido bom senso, tendo sito percebida a fragilidade em que se encontra a condução do Executivo Federal.
Há que se ressaltar que o cenário econômico internacional também demonstra que a instabilidade tende a crescer. É só lembrar dos movimentos erráticos do presidente dos EUA e das dificuldades politicas na Itália, que já se refletem em toda a zona do Euro, inclusive, com perda de valor da moeda única.
Apesar de tudo isto, os fundamentos e o equilíbrio macroeconômico brasileiro são sólidos, com inflação abaixo do piso da meta, juros em seu menor nível histórico, elevadíssimas reservas internacionais, sem déficit nas contas correntes, preço das commodities em bom nível e com grande capacidade de ampliação nas exportações, sobretudo, com a atual taxa de câmbio.
Por tudo isto, mais a qualidade da gestão privada brasileira e uma população que, por seu histórico, sabe se superar, há força econômica para chegar bem até a escolha dos novos comandantes da nação em outubro.
Atenciosamente,
Nelson Rocha Augusto