Carta Mensal

04.04.2022 - Carta ao cliente

Prezado Cliente,

O encerramento do mês de março marcou o primeiro mês do triste, absurdo e prolongado cenário de tragédia humanitária que se tornou a invasão da Rússia à Ucrânia.

O mundo tenta reagir com as ferramentas que lhe são possíveis, para não agravar ainda mais a escalada bélica, impondo congelamento das reservas da Rússia, sanções econômicas às empresas, produtos, políticos e pessoas proeminentes. Como consequência, observamos uma significativa e imediata elevação nos preços das commodities internacionais, principalmente petróleo e alimentos, diante da baixa perspectiva de uma resolução mais célere para o conflito. Se esse quadro já não fosse desafiador, novos surtos de covid-19 na China e adoção de grandes lockdowns, como resultado de sua política de tolerância zero com a doença, podem reduzir o nível de atividade no país e aumentar gargalos logísticos globais, tornando ainda mais complexo o trabalho das autoridades monetárias do mundo todo, devido à dificuldade de controle da inflação que tem origem no choque de custos.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa de juros para um território "ainda mais contracionista", na busca do controle da inflação e seus efeitos secundários e a perspectiva é de que o banco central realize mais uma elevação de mesma magnitude em sua próxima reunião, em maio, encerrando-se assim o ciclo de aperto monetário.

A melhora no quadro da pandemia no Brasil deve auxiliar a recuperação da atividade, principalmente no setor de serviços, que viu seu índice de confiança de fevereiro obter a maior alta em oito meses. O mercado de trabalho, por sua vez, também demostrou recuperação. O nível de emprego está no patamar pré-pandemia, inclusive com aumento da criação de vagas com carteira assinada, embora a precarização, ou seja, nível de empregos informais, ainda permaneça em patamares elevados, gerando perda no rendimento médio, também corroído pela inflação.

Ademais, cabe ressaltar que observamos ao longo de março uma significativa valorização do real frente ao dólar “que é um aliado ao combate à inflação” e um recorde no saldo da balança comercial para o mês. Destacamos três importantes fatores para que isso ocorresse: primeiro, a normalização da causalidade entre apreciação dos preços de commodities gerando afluxo de capitais e valorização cambial da moeda do país exportador, nosso caso. Isso demonstra que os riscos político e fiscal, que marcaram o país no último ano, podem já ter sido precificados dentro das expectativas dos agentes econômicos. Segundo, a própria melhora nos termos de troca decorrente do aumento nos preços dos nossos produtos. Terceiro, a migração do capital internacional em busca do diferencial de taxa de juros, e a realocação de portfólios entre economias emergentes visando um menor risco geopolítico (saída de capital da Rússia para outros países emergentes).

Nesse contexto, a valorização do real não só pode trazer um alívio para o cenário de inflação, mas também auxiliar na ancoragem das expectativas para o próximo ano. Ainda mais em um ano eleitoral e de disputa cada vez mais polarizada, principalmente após o fim da janela partidária.

Atenciosamente,

 

Observação: Central de Atendimento Banco Central do Brasil (DDG) 0800 979 2345

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