Carta Mensal

01.06.2022 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 01 de junho 2022.

Prezado Cliente,

Indicadores recentes de confiança em serviços e consumo apresentaram uma melhora no mês de maio, acompanhados de um maior otimismo nas projeções de crescimento da atividade no país em 2022. Há alguns meses, uma parte dos analistas projetava uma retração para a economia. Dados de emprego também surpreenderam, com manutenção do rendimento real no trimestre, no entanto com uma corrosão de quase 8% em um ano, devido à inflação.

É importante destacar que essa “onda” mais otimista (ou menos pessimista?) vem decorrente de uma série de estímulos pontuais e ganhos de renda não recorrentes, diante da proximidade eleitoral: adiantamento de 13º a aposentados e pensionistas, saque extraordinário do FGTS, Auxílio Brasil, etc. Além do caráter pontual destas medidas, a persistência e difusão da inflação, perda de renda real, e o encarecimento do crédito, diante da necessidade de elevação da taxa de juros, nos permite pressupor um segundo semestre com uma atividade mais lenta. Contudo, o ciclo de alta de juros dá sinais claros de estar próximo ao seu final. Considerando a defasagem da política monetária (até o terceiro trimestre de 2021 ainda estávamos em território expansionista), a resposta dos preços não deve tardar, permitindo o início do ciclo de redução dos juros ainda neste ano.

No cenário externo, a intensificação de lockdowns na China, associado à inflação na Europa, constituem importante fator de desaceleração no PIB mundial, com a redução das projeções do PIB global para este ano.  A própria dinâmica da desaceleração tem caráter desinflacionista para as commodities, o que auxiliará muito os Bancos Centrais. Persistem pressões inflacionárias para o petróleo, que fechou o mês na casa dos US$120, diante do alongamento do conflito europeu e das sanções aplicadas à Rússia, com destaque para o plano europeu de suspender até 90% das compras do petróleo russo no prazo de até seis meses.

Para o próximo ano, começa a ser incorporado no cenário dos analistas a perspectiva de redução mais significativa da atividade nos EUA, em decorrência do ciclo de elevação dos juros pelo FED. A desaceleração da atividade mundial neste ano, e o impacto da política monetária americana para o próximo, são importantes fatores “exportadores” de desinflação para o resto do mundo.

O que vemos, portanto, para o segundo semestre que se avizinha, é uma atividade mais contida, tanto a nível nacional quanto internacional, mas ainda em território positivo. Ao mesmo tempo, a inflação deverá começar a sentir o golpe das políticas monetárias.

Atenciosamente,

Observação: Central de Atendimento Banco Central do Brasil (DDG) 0800 979 2345

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