Ribeirão Preto, 01 de agosto de 2022
Prezado cliente,
Durante o mês de julho ficou nítido todo o efeito das ações dos mais diversos bancos centrais ao redor do mundo. Com as políticas monetárias restritivas como instrumento de combate à inflação, em um efeito cumulativo, a atividade econômica diminuiu em todos os continentes, as commodities caíram e há sinais inequívocos de redução inflacionária nos próximos meses.
O efeito cristalizou-se de tal forma que as autoridades monetárias sinalizaram alta probabilidade de reduzirem o ritmo de alta nas taxas de juros em suas próximas decisões. Assim, as taxas de juros futuros mais longas caíram de maneira importante.
Com o novo “calibre” do custo do dinheiro no mundo sendo redirecionado para baixo, houve melhora nas perspectivas para a economia mundial e as bolsas de valores que refletem o preço das empresas tiveram uma recuperação importante.
Claro, é um alento e o cenário continuará apresentando melhora gradativa se realmente a queda da inflação for confirmada.
Os outros problemas que assombram a economia mundial permanecem, o conflito Rússia / Ucrânia, crise política na Inglaterra, na Itália e, a pior de todas, situação ambiental insustentável. Ou seja, os desafios continuam enormes.
No Brasil, como é sabido, a questão inflacionária é bem mais difícil e o Legislativo capitaneado pelo Executivo Federal colocou em marcha um relevante corte nos impostos sobre os combustíveis, e energia elétrica conjugado com forte expansão fiscal na chamada PEC (eleitoral) das bondades.
Com isto, a inflação cai conjunturalmente (haverá deflação) mas estruturalmente, o Banco Central do Brasil tem um desafio enorme, pois o lado fiscal empurra a inflação futura para cima. As expectativas inflacionárias para o ano que vem não param de subir e já, a algumas semanas estão acima do topo da meta.
Com isso, o Brasil que novamente tem a taxa de juros mais alta do mundo, terá que subi-la ainda mais.
O Brasil terá, muito provavelmente, uma taxa de juros real acima da inflação, próxima de 9% ao ano, o que é reflexo do enorme descompasso que há entre a estratégia do BC e o restante do governo.
Caso o país consiga manter o funcionamento institucional de forma minimamente adequada e adentre em um programa de restauração, reforma, fortalecimento de todo o arcabouço institucional historicamente edificado pela sociedade brasileira, após as eleições, haverá a médio prazo volta da normalidade com queda na taxa de câmbio, da inflação, e crescimento econômico sustentável.
Atenciosamente,
Observação: Central de Atendimento Banco Central do Brasil (DDG) 0800 979 2345