Ribeirão Preto, 01 de setembro 2023.
Prezado Cliente,
O mês de agosto trouxe à tona muitas das principais dúvidas que os agentes econômicos, de uma maneira geral, têm quanto ao comportamento da economia para os próximos meses.
Nos EUA, a enormidade do déficit público, bem mais que 6% do PIB para este ano, sem perspectiva de redução para o próximo, causou estresse nos papéis públicos empurrando a taxa de juros de dez anos para patamares indesejados. Houve também dúvidas quanto à inflação, mercado de trabalho, nível de atividades. Caso o Fed precise subir ainda mais a taxa de juros, como poderá fazê-lo com este nível de déficit e dívida?
Mais para o final do mês, “percebeu-se” que, por mais problemas que a economia americana tenha, em termos relativos, ela está muito mais equilibrada que praticamente todas as outras, e ainda emitem a moeda hegemônica. Os últimos indicadores de inflação, atividade, emprego, vieram um pouquinho melhores do que o esperado, e, assim os investidores mundo afora se “acalmaram”, e, financiaram (como continuarão fazendo por muito tempo) o tesouro americano. O estresse diminuiu.
Os ocidentais continuam enxergando bastante problema na capacidade de tração da economia chinesa. São conhecidos os grandes problemas da construção civil e infraestrutura do gigante asiático, que foram os motores do enorme crescimento dos últimos trinta anos. O desafio é por em marcha um crescimento grande e sustentável via consumo das famílias, exportação de bens e serviços com alto valor agregado, elevada incorporação tecnológica. Nestes segmentos, as barreiras, além da competição, são realmente ferozes, repletos de desafios, inclusive de preconceitos.
Vele dizer que a inflação na China está bastante baixa, a taxa de juros lá é hoje a metade da taxa americana, o país se beneficia da queda no valor das commodities que para eles são insumos. É bastante provável que a China entregue neste ano um crescimento dentro da meta estabelecida pelo governo de pelo menos 5% neste ano. Vale dizer que o único ano em que o crescimento ficou abaixo da meta foi no ano passado (muito em função da tolerância zero com o vírus da Covid 19).
A Europa evoluiu bastante no combate à inflação, mas os problemas da guerra, Brexit, dívida elevada particularmente na Itália e fortes embates políticos com acentuada tendência à direita. Isto amplia as resistências migratórias, de elevação da (necessária) carga tributária, enfim dificilmente o velho continente vai crescer de maneira importante nos próximos meses.
O cenário internacional atual não impulsiona a recuperação da economia brasileira, mas certamente não é maligno ao ponto de dificultar o crescimento no Brasil.
As questões para a economia brasileira são hoje eminentemente domésticas.
A sociedade está, através de todos os seus mecanismos institucionais, e sob forte disputa política, engalfinhada nas questões orçamentarias.
O governo federal mantém convictamente a meta de zerar o déficit no próximo ano. Para isto, busca incrementar a receita em 168 bilhões de reais, com o voto qualificado no CARF, antecipação das tributações sobre os super ricos, melhoria na gestão diária das contas públicas, além de um crescimento maior do PIB.
O mercado por sua vez, com boa dose de razão, é cético quanto ao êxito em toda esta arrecadação.
Acontece que o recém homologado arcabouço fiscal determina claramente que, se não cumprido o aumento de receita, é imperativo o corte de despesas.
É possível afirmar que o Brasil vive hoje em um bom equilíbrio macroeconômico, com inflações para baixo, solidez nas contas externas, nível de atividades em ascensão, recorrente recuperação no mercado de trabalho, no início de um longo ciclo de corte nas taxas de juros, expansão do crédito e ainda boas perspectivas para os investimentos. Mesmo que as finanças públicas apresentem ainda algum déficit, o que claramente é ruim, as coisas vão melhorar nos próximos meses na economia brasileira.
Atenciosamente,
Observação: Central de Atendimento Banco Central do Brasil (DDG) 0800 979 2345