Ribeirão Preto, 01 de abril 2024.
Prezado Cliente,
Os indicadores econômicos divulgados ao longo do mês de março confirmam que a atividade econômica brasileira iniciou o primeiro trimestre deste ano de forma mais vigorosa do que a maioria dos analistas esperavam. Embora ainda reflitam o primeiro mês do ano, as vendas no varejo apresentaram a primeira alta desde setembro do ano passado, com +2,5% em volume (frente a uma expectativa de +0,2%), influenciada tanto por componentes dependentes da renda quanto do crédito. Na mesma base, o volume de serviços apresentou expansão de +0,7%, também melhor do que a expectativa de contração em 0,4%. O indicador “proxy” do PIB divulgado pelo Banco Central (IBC-Br) indicou uma alta de 0,60% em janeiro, acima das expectativas, que estavam em +0,26% além dos dados robustos de mercado de trabalho.
Esta boa dinâmica, em conjunto às reformas realizadas, tem refletido em uma arrecadação recorde de impostos: em fevereiro 2024 foram R$186 bilhões (uma alta real, já descontada a inflação, de 12,3%), impulsionada por fatores atípicos (como a tributação sobre fundos exclusivos), mas também por maiores recolhimentos de imposto de renda e contribuição social de entidades financeiras e imposto sobre operações financeiras (o que sugere um crédito forte). O resultado fiscal do mês foi negativo em R$58 bilhões, mas com grande influência da antecipação de quase R$30 bilhões de liquidação de precatórios (que se somam aos R$93 bilhões liquidados na virada de 2023 para 2024), o que zera o estoque destas dívidas para o ano todo e que deve dar ainda mais impulsão à atividade econômica. Apesar do déficit mensal, o governo encerrou o primeiro bimestre com um superávit de R$20,9bi nas contas públicas.
Ainda em março o BC realizou a sexta redução seguida de taxas de juros, trazendo a Selic para 10,75%, que embora ainda em campo restritivo, já representa uma redução acumulada de 3% a.a. Quando olhamos este alívio nas despesas financeiras em conjunto com a redução de custos de empresas (o Índice de Preços ao Produtor Amplo segue acumulando deflação de 7% em 12 meses), podemos antever uma abertura de margem para as empresas bastante benéfica à arrecadação.
A boa dinâmica da atividade não passou desapercebida pelo Comitê de Política Monetária na Ata que embasou sua decisão, com percepção de sustentação no consumo (seja pelo nível elevado de empregos e salários, seja por benefícios sociais e melhora de renda real com inflação mais baixa. A autoridade deixou claro que vê, também, um cenário mais “auspicioso” para investimentos em 2024 com maior apetite na oferta de crédito e relaxamento nas condições financeiras. Esta composição de PIB (consumo e investimento) é mais um fator positivo para as contas públicas, pois ensejam maior arrecadação. Por fim, tal como aconteceu em 2023, o consenso dos analistas também vem revisando para cima a estimativa do PIB de 2024, e de forma até mais rápida. Atualmente, a mediana espera alta de 1,85%. Nossa expectativa é de um número mais robusto, algo em torno de +2,5%.
Acreditamos que os dados seguem corroborando uma janela de raro e positivo equilíbrio macroeconômico para o país e um ambiente propício ao prosseguimento de importantes reformas estruturantes, como a normatização da reforma tributária.
Atenciosamente,