Carta Mensal

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01.08.2024 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 01 de agosto 2024.

Prezado Cliente,

A economia global, aparentemente, iniciou um novo ciclo de suave, mas longa redução nas taxas de juros.

Isto deve ocorrer, primeiro, porque a onda inflacionária advinda da pandemia da COVID-19 já foi superada. Observando as projeções inflacionárias tanto na Ásia (que tiveram a incidência da aceleração dos preços muito menos intensa devido, basicamente, à sua enorme capacidade produtiva), quanto na Europa e também nos EUA, todos, convergem para suas respectivas metas nos próximos dezoito a vinte e quatro meses.

Em segundo lugar, muito importante, por diversas razões, em cada país com sua própria particularidade, o período atual foi de grande expansão fiscal. Os EUA “navegam” com um déficit da ordem dos insustentáveis 8% do PIB desde o ano passado e a dívida pública já passa dos 120% do PIB. Na Europa, Reino Unido, todos os países da zona do Euro, estão com déficit fora do padrão, com dívidas elevadíssimas, que ultrapassaram largamente seus respectivos PIBs, com exceção da Alemanha, onde isto é inaceitável.

Lembrando que o Tratado de Maastricht, que “criou” o Euro, não permite nem esse déficit, nem essa dívida.

É importante destacar que os dados compilados pelo BIS, Banco de Compensações Internacionais, o chamado banqueiro dos bancos centrais, alertam, faz algum tempo, que o total da dívida privada nos países desenvolvidos, nunca esteve tão alta em toda história econômica, e, é imperativo que se promova uma redução paulatina, inequívoca, para que seja solvente e não provoque uma crise de proporções incomensuráveis.

Haverá uma importante redução da expansão fiscal ou até contração da mesma, abrindo espaço para redução nos juros.

Alguns bancos centrais como o europeu, canadense, chinês, mexicano e chileno, já fizeram o primeiro corte em suas respectivas taxas de juros recentemente.

No Brasil, que foi o primeiro país a subir a taxa de juros no ciclo que aparentemente agora se encerra, deverá ser o último a começar a cortar.

Isto deverá ocorrer basicamente por quatro razões bem especificas, singulares da economia brasileira.

Conjunturalmente, a atividade econômica, nível de emprego, arrecadação de impostos, crédito estão andando muito fortes, crescendo muito e, como historicamente os investimentos foram muito baixos, a economia é fechada, importa muito pouco, há um gargalo na oferta que pode acelerar os preços de forma inadequada. Nossa economia ainda é, mesmo depois de 30 anos do Real, muito indexada, o que gera uma inércia inflacionaria quando os preços sobem o que eleva o ônus para colocar novamente a inflação na meta.

Por último, amplamente conhecido, estruturalmente, há um desequilíbrio fiscal no Brasil que precisa ser definitivamente endereçado pela sociedade brasileira sob pena de mantermos o crescimento medíocre dos últimos 30 anos.

Atenciosamente,

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