Carta Mensal

02.09.2024 - Carta ao cliente

Ribeirão Preto, 02 de setembro 2024.

Prezado Cliente,

A conjuntura econômica brasileira continua apresentando resultados muito bons.

O mercado de trabalho tem o menor nível de desemprego dos últimos onze anos, com a maior quantidade de pessoas trabalhando de todos os tempos, segundo o IBGE e, com aumentos modestos nos salários, que, por hora, não pressionam a inflação. A produtividade, historicamente ruim no Brasil, cresce na margem, mas cresce.

Os investimentos, comparados a uma base modesta, insuficiente, também estão crescendo de forma generalizada, em máquinas, equipamentos, infraestrutura, óleo e gás, saneamento básico, eletricidade, construção civil, nos serviços e assim por diante.

O crédito total da economia, via mercado de capitais, doméstico e internacional, além do crédito bancário, também passam por um período de forte expansão, sendo hoje, mais de dez por cento superior ao de um ano atrás.

A corrente de comércio exterior brasileira, exportação mais importação bate todos os recordes. O investimento estrangeiro direto deve superar os U$70 bilhões neste ano e deve ser maior que U$80 bilhões no próximo.

A arrecadação nos impostos, nas três esferas de governo, Estados, Municípios e União bate um recorde atrás do outro.

O que é ainda melhor, embora haja preocupações com o comportamento dos preços, é improvável que a inflação saia da banda da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e, a perspectiva aponta para algo bem próximo do centro da meta para 2025, 3,0%.

O problema todo é que isto tudo pode não ser sustentável.

Parte importante do que levou o país a este nível de atividades foi impulsionado por um cenário internacional de crescimento exuberante pós pandemia que agora, diferentemente, encontra-se em situação muito mais desafiadora com enormes disputas comerciais, imposição de barreiras protecionistas, desglobalização, guerras e desaceleração econômica.

Outra parte super relevante para explicar a “exuberância “econômica brasileira foi o enorme crescimento do gasto público. Ocorreu de forma ímpar em 2022, pós pandemia e ano eleitoral, em 2023, com a aprovação da PEC da transição, em 2024 com a Economia Política do Lula III. A conta chegou, nos últimos doze meses o déficit nominal brasileiro (que inclui os juros da dívida) superaram os 10% do PIB. É insustentável e o próprio arcabouço fiscal proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional exige corte de gasto para ser cumprido no ano que vem.

Assim, os impulsos, fiscal doméstico e da economia internacional, não estarão presentes na mesma intensidade dos últimos anos no próximo exercício, o que deve abrir espaço para um afrouxamento monetário quando isto tudo ficar claro, provavelmente a partir de março de 2025.

Vai faltar convencer os credores da grande dívida interna brasileira. Se a condução da Política Econômica for hígida e crível, isto tende a ocorrer, caso contrário, o impasse pode prevalecer.

Atenciosamente,

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