Ribeirão Preto, 01 de abril de 2019.
Prezado cliente,
A forma de agir, a postura do presidente Jair Bolsonaro, de vários membros da sua equipe e de seu partido, o PSL, tem criado inúmeras arestas que dificultam sobremaneira a condução política, a relação entre o executivo e o legislativo, neste início de governo.
Os reflexos disto na economia são grandes e inevitáveis.
A economia brasileira encontra-se em fase ascendente do ciclo, iniciando uma recuperação que têm todas as condições de ser transformada em desenvolvimento econômico de longo prazo, ou seja, com crescimento sustentável da produtividade total dos fatores, ampliação das oportunidades e, consequentemente, mais emprego e renda.
A inflação encontra-se absolutamente ancorada, a estrutura da balança de pagamentos é sólida (e duradoura), o mercado interno é grande, há grande diversificação setorial, espirito empreendedor, mercado financeiro sólido e com enorme disputa (sobretudo após a implementação da agenda BC+) para relevante expansão do crédito e assim por diante.
O maior problema é o tamanho da dívida interna (insolvência de vários estados e municípios), dado que o gasto público é muito grande, tem teto, mas é incomprimível.
A solução para isto impõe: uma reforma da previdência que corrija distorções, privilégios e aponte para uma redução dos gastos futuros e o redesenho do papel do Estado em seus três entes, União, Estados e Municípios. O pacto federativo.
A casa de leis, onde se discute, elaboram-se, constroem-se e são definidas as novas obrigações e direitos de toda a sociedade é o Congresso Nacional.
Assim sendo, toda vez que o Executivo conduz mal as questões com o Legislativo, a perspectiva de avanço na redefinição de direitos e obrigações diminui e, consequentemente, o horizonte econômico se estreita e as expectativas para a economia pioram.
Este fenômeno é visível a “olho nu” na precificação dos ativos financeiros que, em março, mostraram isto com força.
O cenário internacional mantém uma certa perspectiva positiva com taxas de juros e liquidez extremamente baixas ao longo do mundo. EUA e China continuam negociando uma saída para a questão comercial e com isto, a janela de oportunidades para o Brasil avançar em seus ajustes (que são eminentemente domésticos) continua aberta.
Mais uma vez, a lição de casa que o Brasil precisa fazer é urgente e toda a sociedade vai chorar “lágrimas de sangue” se mais esta oportunidade histórica for perdida.
Atenciosamente,
Nelson Rocha Augusto